Explore a rede de galáxias do Universo em um mapa 3D interativo.
Designer americano criou um atlas no qual é possível conhecer e navegar entre as conexões de 24.000 galáxias.
Cientistas descobriram, há menos de dez anos, que o Universo era composto por uma espécie de teia, uma rede que conecta milhares de galáxias por meio de filamentos invisíveis de gás hidrogênio. Agora, essa estrutura, demonstrada apenas em modelos matemáticos e simulações feitas pelos físicos, foi transformada em projeto visual do designer americano Kim Albrecht, do Laboratório Barabási, na Universidade de Northeastern, um conhecido centro internacional de pesquisas em redes complexas nos Estados Unidos.
O designer utilizou dados de um novo estudo, publicado recentemente na plataforma arXiv, do físico Bruno Coutinho, também do laboratório, para realizar um mapa interativo em três dimensões. Nele, é possível navegar entre as conexões de 24.000 galáxias. Na pesquisa de Coutinho, diferentes algoritmos foram analisados para melhor compreender a arquitetura da rede cósmica, chegando a três modelos diferentes em que essas redes podem se organizar.
A ideia principal do projeto é que, com uma visualização das redes, seja possível entender melhor como as galáxias se conectam entre si. "A visualização interativa dos três modelos nos ajuda a imaginar como é a rede cósmica, mostra diferenças entre elas e nos dá uma melhor compreensão sobre a estrutura fundamental do Universo", explicam os pesquisadores no estudo.
Em preto e branco, o design do mapa lembra um jogo de ligar os pontos, onde os objetos brilhantes são as galáxias e as linhas são os filamentos de gás que conectam uma a outra. É a primeira vez que as redes cósmicas são em um mapa em 3D que, além de ser visivelmente compreensível, é totalmente interativo - é possível navegar pelo projeto, dando zoom e explorando cada modelo.
Teia cósmica - As ligações cósmicas formam uma vasta rede que conecta as galáxias no Universo. As redes compõem, basicamente, toda a matéria comum do Universo e ainda ajudam a distribuir a matéria escura nos confins do cosmos. Vale lembrar que matéria escura tem composição desconhecida pela ciência; apesar de não ser detectada diretamente, é possível perceber seus efeitos no movimento das galáxias.
Inúmeras tentativas foram feitas para mapear a estrutura Universo e identificar qual modelo de rede cósmica mais se aproxima da realidade. O objetivo dessa busca é entender como e por que essas ligações entre as galáxias ocorrem
"O projeto nos permitiu visualizar como os modelos se diferem entre eles. Antes, essas diferenças podiam ser compreendidas apenas em medições estatísticas bastante abstratas", disse Albrecht ao site de VEJA. "Um dos ganhos deste projeto é ver como se formou este componente gigante que é a rede cósmica. Compreender quando e como essa rede emergiu utilizando a visualização das conexões se tornou o ponto principal deste projeto. Meu trabalho é basicamente criar um projeto que junte os dados em algoritmos e transforme-os em uma imagem que faça sentido para quem o vê e para a ciência", completou o designer.